" Na página 393, como divertimento para o leitor e alerta para qualquer crítica futura, ver Para eles eram feios, uma incrível coletânea de diatribes devidas a especialistas da época sobre obras de artistas que hoje consideramos grandíssimos.
(...)

Para eles eram feios
* Dentro de cem anos Les Fleurs du mal serão recordadas apenas como curiosidade. (Émile Zola, por ocasião da morte de Baudelaire)
* O senhor sepultou seu romance em um cúmulo de detalhes que são bem desenhados, mas totalmente supérfluos. (Carta de um editor a Flauber, sobre Madame Bovary)
* Em seus romances não há nada que revele dotes imaginativos particulares, nem a trama, nem os personagens. Balzac nunca ocupará um lugar de destaque na literatura francesa. (Eugène Poitou, Revue des Deux Mondes, 1856)
* Em O morro dos ventos uivantes, os defeitos de Jane Eyre [da irmã, Charlotte] são multiplicados por mil. Pensando bem, o único consolo que nos fica é o pensamento de que o romance nunca será popular. (James Lorimer, North British Review)
* A incoerência e a falta de forma de seus poeminhas - não saberia defini-los de outra maneira - são assustadoras. (Thomas Bailey Aldrich, The Atlantic Monthly, sobre Emily Dickson, 1982)
* Moby Dick é um livre triste, esquálido, tedioso, até mesmo ridículo... Além do mais, esse capitão louco é de uma chatice mortal. (The Southern Quartetly Review, 1851)
* Walt Whitman tem a mesma relação com a arte que um porco com a matemática. (London Critic, 1855)
* Impossível vender histórias de animais nos EUA. (relatório de leitura de George Orwell, A revolução dos bichos, 1945)


ECO, Umberto. História da feiúra. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 391 e 393.